Tributo à Kardec - Textos em Memória, Respeito e Homenagem ao Codificador

Ao Mestre com Carinho

Em 3 de outubro de 1804 reencarnava em Lyon, na França aquele que viria a ser o grande articulador desta doutrina bendita que tanto nos engrandece. De certa forma a data de hoje deveria ser entendida também como um aniversário do espiritismode maneira geral, aos nos fazer recordar da volta à pátria terrena daquele que viria a ser o seu codificador.

Mas por que dizemos que Allan Kardec foi o “codificador”? Que termo é este que aparentemente só o Espiritismo utiliza? Não me recordo de outra doutrina que leve esta palavra. Se você souber de alguma, por favor, nos informe.

Para entender esta palavra no contexto espírita, precisamos recapitular o contexto histórico em que a Doutrina surgiu.

Os primeiros contatos de Kardec com os fenômenos espíritas se deram na metade do século XIX, desde os fenômenos de Hydesville (EUA) em 1843, depois o evento das mesas girantes nos salões de Paris, até a publicação do Livro dos Espíritos em 1857.

Mas por que o Espiritismo surgiu somente no século XIX e não antes? Por que uma Doutrina tão grandiosa não apareceu na idade média, por exemplo, que foi uma época de trevas?

Antes do surgimento do Espiritismo, era necessária a chegada do movimento iluminista dos séculos XVII e XVIII. Era preciso que antes nos preparássemos com toda a bagagem filosófica e cultural do século anterior, visto que já tínhamos vasta bagagem religiosa, tutelada pela igreja desde sempre.

Antes mesmo do contato com o espiritismo – termo este que ele próprio viria a “criar”, pois não havia esta palavra -, o professor Hippolyte Leon Denizard Rivail, que depois adotaria o nome de Allan Kardec, já era um intelectual bastante conhecido e respeitado na França.

Pedagogo, discípulo de Pestalozzi, o professor Rivail como era conhecido, lutava pela democratização do ensino público, dava cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia comparada, Astronomia e outros. Sua preocupação com a didática da época motivou-o até mesmo a publicar um manual de aritmética que foi adotado por décadas nos colégios da França. Conhecedor da língua alemã, traduziu para o idioma francês diversas obras relacionadas à educação, destacando-se as obras de François Fénelon.

Como já dissemos antes, Kardec ainda atuava como magnetizador muito antes de conhecer os fenômenos espíritas.

Desta forma, somente um homem com esta capacidade intelectual e preocupação com a causa humanista seria capaz de dar seguimento a uma doutrina que viria ser a Terceira Revelação.

No entanto, mesmo quando foi convidado pela primeira vez a comparecer a um dos salões da “alta sociedade” de Paris para ver de perto os fenômenos das “mesas que se moviam por vontade própria”, Kardec até considerava esta possibilidade como verdadeira, mas apenas entendia o fato como um simples efeito das propriedades do magnetismo. “Nada demais”.

Ocorre que o Sr. Fortier, na época seu amigo a também magnetizador, trouxe ao professor uma nova informação:

-Professor Rivail, temos uma coisa muito mais extraordinária; não só se consegue que uma mesa se mova, magnetizando-a, como também que fale. Quando interrogada, ela responde!”

Diante deste comentário, Kardec respondeu:

-Isto agora é outra questão. Só acreditarei quando o ver e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula. Até lá, permita que eu não veja no caso mais do que um conto para fazer-nos dormir em pé.”

Nota-se aqui que mesmo antes do espiritismo Kardec já passava pelo crivo da razão as informações que lhe chegavam.

Fato é que, tornando curta uma história longa, após verificar pessoalmente o fato, Kardec percebeu que havia realmente algo mais que uma simples mesa que se movia. Havia também o efeito inteligente, que só poderia ter uma causa inteligente. A partir de então o processo foi sendo estudado e os métodos de comunicação foram por ele modernizados, com a ajuda dos Benfeitores Espirituais: Da mesa girante passou-se para a escrita mediúnica numa ardósia com o auxílio de uma cesta e depois para a utilização do veículo humano, ou seja, o médium.

A partir do trabalho do médium de psicografia, psicofonia (“incorporação”), entre outras modalidades, o trabalho ficava mais “fácil”, assim como a sua produtividade.

Chamamos então Kardec de “codificador da Doutrina”, porque ele foi capaz de transformar todo um acervo gigantesco de comunicações espirituais numa linguagem acessível, organizada, estruturada, na forma como conhecemos hoje e chamamos de pentateuco espírita, ou conjunto de Obras Básicas: O livro dos Espíritos, o Livro dos Médiuns, o Evangelho Segundo o Espiritismo, o Céu e o Inferno e A Gênese. Ainda temos a Revista Espírita e outras obras interessantíssimas. Mas o que deu ao nobre mestre Kardec o papel de codificador, foi a forma didática e criteriosa como ele organizou essas informações, a começar pelo Livro dos Espíritos, na forma de perguntas e respostas. Note-se que ele não fez simplesmente perguntar aos Espíritos, depois publicou e “aí está o Espiritismo!”. Nada disso.

Criteriosamente, Kardec fazia a mesma pergunta diversas vezes a médiuns diferentes, em localidades diferentes. Cada vez que as respostas iam “batendo”, ele sintetizava, reorganizava e considerava como “publicável”. Quando a resposta destoava, ele a deixava em separado e não incluía na obra, ou incluiria depois de novas perguntas. Tudo passava pela razão. E mesmo quando Kardec deixava escapulir alguma informação ou se cometia algum erro, a espiritualidade achava uma forma de avisá-lo.

Allan Kardec, por esta razão, não fundou o Espiritismo, mas sim codificou a Doutrina.

A obra de Allan Kardec continua muito atual até os dias de hoje (assim será por muito tempo) e serve de alicerce ao trabalho das Casas Espíritas.

Allan Kardec desencarnou em Paris, em 31 de março de 1869, mas, certamente, continua trabalhando nas elevadas esferas do Plano Espiritual.

Ao dedicado Mestre Lionês, deixamos a nossa mais sincera gratidão pelo seu legado. Que Jesus esteja conosco, conduzindo-nos na árdua tarefa de compreender e colocar em prática as diretrizes que nos foram passadas.

Fonte: https://contextoespirita.wordpress.com/2014/10/25/ao-mestre-com-carinho/#respond

Biografia de Allan Kardec

Acesse a biografia completa de Allan Kardec no site da FEB – Federação Espírita Brasileira, neste link.

O Mestre e o Apóstolo

Luminosa a coerência entre o Cristo e o Apóstolo que lhe restaurou a palavra.

Jesus, o Mestre.

Kardec, o Professor.

Jesus refere-se a Deus, junto da fé sem obras.

Kardec fala de Deus, rente às obras sem fé.

Jesus é combatido, desde a primeira hora do Evangelho, pelos que se acomodam na sombra.

Kardec é impugnado desde o primeiro dia do Espiritismo, pelos que fogem da luz.

Jesus caminha sem convenções.

Kardec age sem preconceitos.

Jesus exige coragem de atitudes.

Kardec reclama independência mental

Jesus convida ao amor.

Kardec impele à caridade

Jesus consola multidão.

Kardec esclarece o povo.

Jesus acorda o sentimento.

Kardec desperta a razão.

Jesus constrói.

Kardec consolida.

Jesus revela.

Kardec descortina.

Jesus propõe.

Kardec expõe.

Jesus lança as bases do Cristianismo, entre fenômenos mediúnicos.

Kardec recebe os princípios da Doutrina Espírita, através da mediunidade.

Jesus afirma que é preciso nascer de novo.

Kardec explica a reencarnação.

Jesus reporta-se a outras moradas.

Kardec menciona outros mundos.

Jesus espera que a verdade emancipe os homens; ensina que a justiça atribui a cada um pelas próprias obras e anuncia que o Criador será adorado, na Terra, em espírito.

Kardec esculpe na consciência as leis do universo.

Em suma, diante do acesso aos mais altos valores da vida, Jesus e Kardec estão perfeitamente conjugados pela Sabedoria Divina.

Jesus, a porta.

Kardec, a chave.

 

Emmanuel

Jesus, Kardec e Nós

Se Jesus considerasse a si mesmo puro demais, a ponto de não tolerar o contato das fraquezas humanas; se acreditasse que tudo deve correr por conta de Deus; se nos admitisse irremediavelmente perdidos na rebeldia e na delinquência; se condicionasse o desempenho do seu apostolado ao apoio dos homens mais cultos; se aguardasse encosto dinheiroso e valimento político a fim de realizar a sua obra ou se recuasse, diante do sacrifício, decerto não conheceríamos a luz do Evangelho, que nos descerra o caminho à emancipação espiritual.

Se Allan Kardec superestimasse a elevada posição que lhe era devida na aristocracia da inteligência, colocando honras e títulos merecidos, acima das próprias convicções; se permanecesse na expectativa da adesão de personalidade ilustres à mensagem de que se fazia portador; se esperasse cobertura financeira para atirar-se à tarefa; se avaliasse as suas dificuldades de educador, com escasso tempo par esposar compromissos diferentes do magistério ou se retrocedesse, perante as calúnias e injúrias que lhe inçaram a estrada, não teríamos a codificação da doutrina Espírita, que complementa o Evangelho, integrando-nos na responsabilidade de viver.

Refletindo em Jesus e Kardec, ficamos sem compreender a nossa inconsequência, quando nos declaramos demasiadamente virtuosos, ocupados, instruídos, tímidos, incapazes ou desiludidos para atender às obrigações que nos cabem na Doutrina Espírita.

Isso porque se eles – o Mestre e o Apóstolo da renovação humana – passaram entre os homens, sofrendo dilacerações e exemplificando o bem, por amor à verdade, quando nós – consciências endividadas, fugimos de aprender e servir, em proveito próprio, indiscutivelmente, estaremos sem perceber, sob a hipnose da obsessão oculta, carregando equilíbrio por fora e loucura por dentro.

Livro: Opinião Espírita – Psicografia: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira – mensagem no. 4